Entrevista coletiva com Rubens Barrichello nessa quinta na Espanha
19/05/2011 14:04
Após seis anos de Ferrari, nove vitórias e dois vice-campeonatos, Rubens Barrichello decidiu sair da Scuderia ao final da temporada 2005. Infeliz com o tratamento ao lado de Michael Schumacher, deu lugar a outro brasileiro, Felipe Massa. Seis anos depois, é Massa que vê o contrato do companheiro, hoje Fernando Alonso, ser renovado até 2016, dando sinais de uma nova supremacia em Maranello.
O agora piloto da Williams, no entanto, não acredita que a história esteja se repetindo.
“Apesar de ser amigo do Felipe e de conhecer algumas coisas lá de dentro, eu não sei se a Ferrari hoje trabalha da mesma maneira de quando havia o Schumacher. Se eu tivesse certeza de que a Ferrari é a mesma de 10 anos atrás, eu até o aconselharia a sair, mas acredito que é uma equipe bem diferente hoje. Até consigo ver alguma semelhança, mas observo uma Ferrari mais igual no trabalho”, afirmou
O brasileiro lembra que sofreu com carros ruins depois de sair da Ferrari. Chegou a passar um campeonato inteiro sem um ponto sequer em 2007 e só voltou a vencer corridas em 2009, quatro anos depois de sair.
“É difícil opinar. Têm coisas que podem melhorar se ele sair, assim como têm coisas que podem ser muito piores, como eu mesmo vi com os próprios olhos. Eu tive liberdade em uma outra equipe, mas nunca tive um carro competitivo até chegar à Brawn. A Ferrari sempre tem um carro competitivo. Se não tiver um caso Schumacher especificamente, é sempre uma equipe que vale a pena.”
Ao falar sobre o compromisso longo anunciado hoje entre Alonso e o time de Maranello, o piloto foi cuidadoso.
“O contrato, da maneira que chega para a imprensa, não deve ser exatamente como está escrito no papel. Não estou questionando que o contrato vá até 2016, mas eu não sei as saídas, os escapes que o contrato possa oferecer.”
Barrichello afirmou que também gostaria de ter o espanhol como seu piloto caso comandasse a Ferrari, mas demonstrou dúvidas em relação às vantagens que Alonso teria com um contrato tão longo.
“A assinatura de um contrato longo como esse mostra realmente que a Ferrari quer muito trabalhar com o Fernando, acho muito legal e, se fosse chefe da Ferrari, tentaria fazer o mesmo. Mas, para o piloto, um contrato tão longo assim pode trazer benefícios e também outras coisas, porque a vida muda tão rapidamente que você ficar parado no mesmo lugar por cinco anos pode ser positivo ou negativo.”
Os rumores de que a Williams retomaria a parceria de sucesso dos anos 1990 com a Renault só aumentaram nas últimas semanas, com a declaração do diretor da Renault Sport, Jean-Francois Caubet, de que a empresa iria à FIA pedir permissão para equipar uma quarta escuderia, ainda que o francês tenha salientado que o time inglês é “um dos interessados”.
Rubens Barrichello, no entanto, afirmou que não se fala disso dentro da equipe de Grove.
“Eu sei bem pouco para falar a verdade. A Williams é uma equipe muito reservada nesse sentido. Por exemplo, o anúncio do Mick Coughlan, eu vi pela internet, não foi algo que deu tempo deles conversarem. É até algo que eu brigo bastante, para que a gente possa interagir um pouco mais, mas eles têm a opinião de que, de certas coisas, o piloto não tem que participar. Para falar bem a verdade, eu falo bastante com a Cosworth, reclamo disso, elogio aquilo, mas ouvi pela imprensa isso da Renault. Por enquanto, acho que isso não é muito verdade”, revelou .
Em sua segunda temporada trabalhando com a Cosworth na Williams, Barrichello acredita que a potência não seja o maior dos problemas do motor.
“É difícil falar agora. Você passa um ano guiando-o e não sabe a evolução que os outros tiveram. Eu vim de um Mercedes e, quando peguei um Cosworth, ele sofria de potência, mas o pior problema era a dirigibilidade do motor. Então, passado esse estágio, acho que devemos ter melhorado alguma coisa, até porque o regulamento não permite tanta mudança. Minha briga é para melhorar a dirigibilidade, até porque o maior gasto de pneu se deve também a isso.”
Falando sobre as novidades que a Williams trará para o GP da Espanha, o piloto brasileiro destacou as peças que já foram testadas nos últimos dois Grandes Prêmios e que ganharam melhorias para a prova de Barcelona.
“A gente tem a asa traseira, que funcionou por um tempo, mas acabou não sendo usada na Turquia e temos o difusor que tentamos usar na China, mas que pode produzir mais aerodinâmica agora. São coisas que podem revolucionar, mas é difícil. Tivemos muito problema com o assoalho na China, houve bastante tempo para ver o que estava errado e melhorar, então é o que eu espero para cá.”
Confira o audio da entrevista no Blog do Felipe Motta
blog.jovempan.uol.com.br/f1/geral/barrichello-responde-internauta-do-blog/
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